quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Feliz 15 anos, Cadu =)

Vocês não imaginam a felicidade que esse papelzinho todo amassado traz consigo! Hoje tive o prazer de fazer uma das melhores ações da minha vida! Fui fazer umas compras pra minha mãe e estacionei a moto na rua e logo apareceu um morador de rua dizendo:
    ▬  Moça, pode deixar que eu olho. Boa tarde!
 E eu disse:
    ▬ Ta certo. Boa tarde!
 E ai voltando ao local estacionado ele me disse:
    ▬ Moça, desculpa porque sou assim, sei que muitos não gostam.
 E eu lhe disse:
    ▬ Não tem o que desculpar! Você tem que ser assim mesmo.
Ele olhou pra mim e disse:
    ▬ Moça, se você for me dar dinheiro, ao invés de me dar o dinheiro, eu prefiro que você vá ali comigo comprar comida!
 Não pensei duas vezes e disse:
   ▬ Vamos lá, eu vou com você.
Ele abriu logo o sorriso, atravessamos o sinal e ele me disse:
   ▬ Moça, só é um pouco longe.
E percebi que estávamos perto de uma padaria e lhe disse:
   ▬ Estou um pouco atrasada, tem algum problema se a gente for lá na padaria?
E ele com um sorriso enorme me disse:
   ▬ Lógico que não! Chamei pra ir lá porque é mais barato! Mas, só posso tá sonhando porque adoro bolo e justo hoje que é meu aniversário terei a oportunidade de comer um.
E então parei um pouco... fiquei sem ação e lhe perguntei:
   ▬ Hoje é seu aniversário?
E ele disse:
   ▬ É sim, hoje estou fazendo 15 anos.
E então olhei pra ele e disse:
   ▬ Parabéns Rapaz, tudo de bom! Que Deus te ilumine sempre.
E ele meio que sem graça olhou pra mim, soltou um sorriso e disse:
   ▬ Muito obrigado! É o primeiro parabéns que recebo hoje e acredito que será o único.
Fiquei novamente um pouco sem reação e lhe disse chegando a padaria:
   ▬ Não seja por isso, parabéns novamente! Hahaha pode escolher o que você quiser.
Fiquei observando e ele pegou pão de queijo, um bolo de rolo, um refrigerante e um cupcake e aí fui pagar... quando saímos da padaria dei tudo a ele e disse mais uma vez:
   ▬ Parabéns e fique com Deus!
E ele olhou pra mim e disse pra eu esperar. Olhei pra ele e ele disse:
   ▬ Esse bolinho que peguei (cupcake) é pra você! Como você foi a primeira a me dar parabéns queria te dar o primeiro pedaço do bolo.
E ai foi que deu vontade de chorar... olhei pra ele e disse:
   ▬  Muito obrigada! É uma honra receber o primeiro pedaço, faz tempo que não recebo! Mas, ficaria mais feliz se você ficasse pra você.
E ele com os olhos brilhando disse:
   ▬ Era o mais bonito da padaria, tá com uma cara que tá muito bom! Vou ficar com ele então que estou com muita fome.
Soltei uma risada e disse:
   ▬ Muito bem! Vou indo! Fica com Deus e se cuida!
E ai a ultima coisa que ele me disse foi:
   ▬ Obrigado por se preocupar comigo e desculpa incomodar!
E assim, ele me ajudou a sair da vaga! Essa é a história de Carlos Eduardo que hoje completa 15 anos. Palavra nenhuma expressará tamanha felicidade que senti em ter a oportunidade de deixar o dia dele um pouco mais feliz, ou menos triste como queiram falar. Obrigada Deus!

"Politicamente correto" o cacet... Digo, "uma ova" !


Sei que algumas pessoas me consideram “politicamente correta” - algumas, tratando a expressão elogio; outras, com desprezo e deboche. Sinceramente, não me considero elogiada... Acho esse negócio de “politicamente” uma tremenda bobagem. O que diabos quer dizer o advérbio nessa expressão? Mas acho que se pode, sim, discutir o que é correto e incorreto no trato com as pessoas, e isso inclui a linguagem. Até parece que as palavras não têm importância nenhuma... Se não tivessem, não ficaríamos tão felizes com algumas que nos são ditas e tão furiosos com outras. E como há muitas sutilezas, muitas divergências, há tantas discussões a respeito. Tempos atrás, usei a palavra “velho” em uma redação de Educação Física. Eu dizia que é um absurdo haver pessoas - no caso, eram torcedores enfurecidos - capazes de agredir um velho; que é um sinal gritante de problemas na sociedade o fato de já não respeitarmos velhos, mulheres e crianças. Pois bem, recebi uma bronca do professor, para quem eu não devia dizer “velho”, e sim usar a palavra “idoso”. Que eu acho feia, metida, forçada. Pra mim, velho não é ofensa, tanto quanto novo ou jovem não é elogio - é só circunstância! Eu quero ficar velha! Adoooro roupa velha, meus livros velhos, casas velhas... Mas há palavras que realmente prefiro não usar, e recomendo que as pessoas não usem - incluindo meus colegas . E quer ver como vocês vão entender e concordar comigo? Tanto que, de fato, elas foram praticamente abolidas. “Leproso” e “lepra”, por exemplo, têm uma carga tão pejorativa, tão negativa, que não são mais usadas. É melhor falar em “hanseníase” - uma doença com tratamento e cura. O mesmo vale para “aidético”. Isso lá é jeito de se referir a alguém? O sujeito não “é aidético”. Como definir alguém pela doença que tem?? Há muitos anos não se fala em “mongolóides”, ainda bem! Como já está quase esquecido, eu talvez nem devesse lembrar que o termo era usado para descrever as pessoas com Síndrome de Down. Era ou não era horroroso? Eu ainda batalho pela exclusão ou pelo menos o uso cuidadoso de algumas outras palavras. “Viciado” é uma delas. “Vício” tem o sentido de defeito moral; é o oposto de virtude... Mas dependência é uma doença, não uma “fraqueza moral”. Além disso, é comum usar “viciado” para se referir ao usuário de drogas que não é dependente, o que é um erro grave de informação e serve para aumentar ainda mais a confusão em torno do tema. (Aliás, outro dia ouvi uma pessoa dizer que tem um projeto com “dependentes de drogas e alcoólatras”... Como se os últimos não fossem dependentes de uma droga também! “Droga” é outra palavra meio mal usada...). Existem mil outras palavras que deveriam ser banidas. O famoso “doutor”, por exemplo, para se dirigir a ricos, engravatados e autoridades... O “excelência” que é obrigatório por regimento quando um vereador se dirige a outro no plenário.... É tão forçado que fica ridículo. Uma discussão séria sobre palavras aconteceu outro dia, por causa da famosa desavença entre Grafite e o argentino Desabato. Afinal, dirigir-se a alguém como “negro” é ofensivo? Depende... José Geraldo Couto, em texto brilhante na Folha, resumiu: “Entre o “minha nega” dito com afeto por um homem apaixonado e o “sua negra” dito com rispidez por uma patroa há um abismo cavado por séculos de história”. Perfeito, não?